A cidade de Boston, Estados Unidos, com mais de 6 milhões de pessoas em sua região metropolitana, passou por uma obra digna de ser chamada de mega projeto.
A principal rodovia interestadual que passa pelo coração de Boston estava congestionada, pois acumulava os tráfegos da própria rodovia e do fluxo urbano que diariamente precisava se deslocar do sul para o norte da cidade. Os congestionamentos estavam chegando a 14 horas por dia, na década de 80. Decidiu-se reformular o tráfego, mas era impossível fechar a estrada enquanto as obras eram feitas, então algo inovador precisou ser feito.
Obras pequenas para tentar remediar um problema maior já são feitas em diversas cidades, como reformas em sistemas de transporte coletivo, incentivo ao uso dos mesmos, construção de novas linhas de metrôs e até mesmo a implantação de um sistema de bicicletas públicas. Neste caso, precisava-se de algo muito maior.
A obra que ficou conhecida como “Big Dig” (Grande Escavação), é a Artéria Central de Boston. Para não fechar a rodovia enquanto as obras eram feitas, decidiram que a nova estrada seria feita subterrânea, um conjunto de túneis de quase 6 km de extensão. O projeto também envolveu a criação de um segundo túnel para dividir o tráfego que passava pela rodovia, mas que iria ao aeroporto da cidade, que precisava utilizar a rodovia, único acesso para o importante aeroporto. Isto envolveu fazer túneis com 10 pistas abaixo do porto da cidade.
A quantidade de soluções inéditas adotadas pelos engenheiros para conseguir realizar esta obra e aliviar o tráfego urbano parece coisa de filme de ficção científica: chegaram a congelar a terra úmida abaixo de trilhos, criando o “maior iceberg já feito pelo homem”, para tornar o chão duro o suficiente para suportar o peso das máquinas. No auge das construções, 4500 pessoas trabalhavam no subterrâneo da cidade de Boston.
O projeto foi orçado em 2,8 bilhões de dólares em 1982 (equivalente a aproximadamente 6 bilhões de dólares nos dias atuais) acabou custando 22 bilhões de dólares. Por mais de 10 anos ocorreram contratempos e tragédias, que custaram vidas e alguns bilhões de dólares a mais do que o orçado, além de atrasos no cronograma.
Evidentemente que uma obra deste porte transforma a vida de uma cidade por muitas décadas. É preciso coragem para iniciar projetos desta magnitude além de força política e econômica. No entanto, este exemplo mostra que é possível mudar, não ficando apenas conformados com a triste realidade dos grandes aglomerados urbanos.
O que achou desta obra? Quais cidades poderiam se beneficiar de algo deste porte no Brasil? Deixe seu comentário abaixo.
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